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Para um político com ficha suja, que é impedido pela Justiça Eleitoral de ser candidato a prefeito, há a alternativa de se fazer eleito através da esposa. É como se ele fosse eleito indiretamente. A esposa é eleita, mas quem dar ás ordens é o marido. E qual é a esposa que ousaria contrariar as determinações de quem a fez ser eleita prefeita? Ela ficaria responsável em assinar documentos e ele é quem tomaria conta das chaves dos cofres públicos. Para um político ficha suja, isso significaria a possibilidade de permanecer mamando, mandando e desmandando nas tetas do poder. A origem da situação de impedimento de candidatura do político ficha suja, foi o roubo do dinheiro público que deveria servir para construção de postos médicos, merenda escolar e pavimentações de ruas, mas que acabou nos bolsos de eleitores e lideranças comunitárias e partidárias venais. E para manter este ciclo pernicioso de surrupiamento do erário, é que entra em cena a esposa do salafrário. É através dela que ele deseja manter suas garras de gatuno sobre o bolo, com as migalhas jogadas aos seus asseclas. Entretanto, o povo já sabe de tudo isso e não permitirá que este ciclo de pilhagem se sustente com o beneplácito da maioria. A maioria fará a bruxa ser derrotada, enxovalhada e escurraçada… com, ou sem vassoura!
Por: Val CabralJuiz se antecipa ao TSE, cria blog e exige transparência de candidatos nas eleições
Antes mesmo do Tribunal Superior
Eleitoral divulgar dados dos doadores que financiam as campanhas, Márlon
Reis, um dos idealizadores da Ficha Limpa, já havia adotado a medida em
João Lisboa e nas cidades de Senador La Rocque e Buritirana, no
interior do Maranhão. Magistrado virou referência na busca pela
transparência no processo eleitoral.
Em
João Lisboa (a 625 km de São Luís), um juiz eleitoral se tornou
sinônimo de luta para tentar tornar as campanhas dos candidatos mais
transparentes. Um dos idealizadores da ação popular que resultou na Lei
da Ficha Limpa e professor de direito eleitoral, Márlon Reis criou um
blog e exigiu que os candidatos das três cidades que estão sob sua
jurisdição divulgassem quem são os financiadores das campanhas.
Na
pequena comarca do sul do Maranhão --o Estado mais pobre do Brasil--,
Reis foi o primeiro juiz do país a baixar a medida, com base na Lei de
Acesso à Informação, determinando que as duas prestações de contas
parciais dos candidatos informem os nomes e dados dos doadores.
O
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) adotou o mesmo modelo e, no último
dia 24, publicou, com base no mesmo argumento do acesso à informação, os
dados das doações de todos os candidatos a prefeito e vereador do país.
Até então, os candidatos e as campanhas só eram obrigados a revelar
tais dados após o pleito.
Para
garantir a publicação das prestações de contas em seis de agosto,
Márlon criou um blog em um site público, já que, até então, o sistema da
Justiça Eleitoral não permitia tal divulgação.
“O
que ocorreu é que Lei de Acesso à Informação, que é mais recente,
revogou o dispositivo da Lei Eleitoral que omitia esses dados. E eu
baixei um provimento informando isso aos candidatos”, explicou. O mesmo
argumento foi usado pela presidente do TSE, Carmen Lúcia, para defender a
liberação dos dados ainda durante as campanhas eleitorais.
“Eles
[do TSE] pegaram a repercussão da decisão que eu e outros juízes
começamos a baixar pelo país. Não tenho dúvida que foi uma decorrência
da nossa ação, que teve grande repercussão nos meios de comunicação.
Tanto que usaram os mesmos fundamentos jurídicos. Eu passei o fim de
semana em estado de graça, ao saber que o TSE seguiu a mesma linha”,
disse Reis.
Mais transparência
Mas
engana-se quem pensa que o juiz se dá por satisfeito. Um novo
provimento baixado nesta quinta-feira (3) deve tornar a prestação de
contas ainda mais clara para eleitor e órgãos de fiscalização.
“Com
a revelação dos números apareceu outro problema: muitos candidatos
estão usando os partidos políticos para omitir dados. Isso ocorreu no
país inteiro, especialmente nas grandes cidades. Não basta dizer que o
dinheiro veio do partido. O novo provimento é para que os candidatos
informem de onde veio o dinheiro do partido, pois ele não brotou do chão
e tem que ter uma fonte declarada", disse.
Além
de Márlon Reis, outros 12 juízes dos Estados do Mato Grosso, Amazonas,
Bahia, Tocantins e Paraná, além do Maranhão, baixaram medidas similares
no mesmo dia, com o mesmo conteúdo.
Reis
exemplifica onde estaria o problema: “Tem candidato que recebeu até R$ 2
milhões do partido. Só que os partidos não têm essa verba. O que
acontece é que os partidos vão atrás do dinheiro, conseguem, mas sem
vincular os nomes dos verdadeiros doadores. As empresas doam ao partido,
que repassam ao candidato. É fraude. Os partidos só vão prestar contas
em abril do próximo ano, o que impossibilita uma ação eleitoral, em caso
de irregularidade.”
O
juiz explica que o candidato que não prestar contas de forma correta –e
com a inclusão da origem do dinheiro repassado pelo partido— poderá
perder o cargo, caso seja eleito.
“Se
eles não prestarem a informação completa, vão incorrer em um ato
ilícito. Isso está dito no novo provimento. Eles têm de informar, sob
pena de terem as contas rejeitadas.”
Para
Reis, a questão da informação sobre os dados de quem doou é crucial
para o eleitor e órgãos de fiscalização. “A nossa ideia é que as doações
façam parte do debate eleitoral. Esse mecanismo é fundamental para dar
transparência. Alguém, por exemplo, pode estar fazendo uma campanha
maior do que anuncia. Como diz o ditado, não há melhor desinfetante que a
luz do sol. Com essa ação se torna difícil fiscalizar. Mas sem esses
dados, é impossível”, avalia.
Falta internet
Apesar
do esforço do juiz, os moradores da cidade não têm conhecimento da
medida, conforme apurou a reportagem. O pequeno alcance pode ser
explicado pela exclusão digital da cidade. Com 20 mil habitantes, apenas
400 domicílios tinham computadores conectados à internet, segundo dados
do Censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas). “Tentamos divulgar, usamos a rede social, mas não temos
mecanismos para fazer um ato de publicidade necessário. A todos que
temos oportunidade de apresentar, apresentamos. Mesmo com as limitações,
podemos nos orgulhar, pois essa simples ferramenta é a primeira na
história desse país para que as pessoas possam saber os doadores antes
do pleito”, comentou.
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