O Brasil desfruta de um excelente momento no cenário econômico internacional, ostentando
condições para um futuro promissor no desenvolvimento de vários ramos de negócios de
mercado e de Estado.
No entanto, não pode esconder ou subestimar os desafios que precisa vencer no campo da
educação e de profissionalização técnica e tecnológica nacional, conforme denunciam os
recentes dados do IBGE, bem como não pode ignorar a urgente necessidade de regular as
fontes que promovem a continua desigualdade social e, ainda, combater a pobreza, bases da
desesperança, do descrédito crescente nas instituições democráticas e, especialmente, da
perigosa violência que se banaliza cotidianamente.
Não há dúvidas que a corrupção e a impunidade, sua irmã siamesa, são a causa dessas e
outras mazelas que tanta dor e sofrimento causam ao povo brasileiro, com reflexos negativos
para nossos irmãos latino-americanos.
Nesse sentido, a iniciativa cidadã, mobilizadora e educativa da ABRACCI deve ser louvada e
enaltecida, tendo em vista que, por absurdo, a maioria da população brasileira ainda não
percebe os fatos da corrupção e da impunidade relacionados entre as causas de sua dor e
sofrimento cotidianos, justificando a premência do fortalecimento desse movimento que ora se
evidencia com a realização desse importante Seminário, em Brasília, terra emblemática dos
ícones de poder nacional.
Mas, se por um lado, já sabemos o que denunciamos e combatemos, por outro, urge que
gastemos o melhor das nossas energias para anunciar e promover o que defendemos e
valoramos como solução ou contribuição humanística e democrática para o futuro da nação
brasileira, ora em construção.
Nessa linha, temos buscado fortalecer as instituições preventivas à corrupção, como a
soberania popular, através dos meios de efetivação do pleno exercício da democracia direta,
e o controle social participativo, a ser devidamente modernizado e aperfeiçoado para a
adequada elaboração e execução das Políticas Públicas, dentre outras iniciativas congêneres.
Engajar a mídia nesta tarefa é outro desafio a ser vencido. Para tanto, é preciso eleger um
campo de intervenção onde possa haver ressonância e clamor público. A considerar pelos
precedentes recentes, dos Jogos Pan-americanos, onde as obras terminaram por custar oito
vezes mais do que o previsto e a infra-estrutura terminou não sendo adotada pela
comunidade, certamente este campo emblemático é o desporto, representado pela COPA-
2014 e as Olimpíadas-2016, sendo a proposta de construção do TAV-Trem de Alta
Velocidade SP–RJ, incluído na agenda animada pelos citados eventos desportivos, um dos
investimentos públicos que mais carecerão de fiscalização e controle social participativo da
sociedade, diante das incertezas de projeto e da vultuosidade dos custos estimados.
É com vistas à promoção desta postura de caráter preventivo, mas também lúdica e
educativa, sem deixar de ser pragmática e conseqüente em seus efeitos colaterais, que o
Instituto de Pesquisas em Ecologia Humana, membro desta ABRACCI, vem perante este
Colegiado, através da presente Moção de Chamamento Cívico, para lançar o desafio da
criação, no âmbito da ABRACCI, do CCOBRA – Comitê Cívico Olímpico Brasileiro, que
terá por objetivo acompanhar e fiscalizar a elaboração dos projetos, as licitações e as obras
relacionadas com a COPA 2014 e com as Olimpíadas 2016, a fim de evitar a repetição do
legado negativo deixado pelos Jogos Pan-americanos e, por outro lado, cooperar para que a
promoção do desporto, com seus reflexos saudáveis, ajude a fortalecer a autoestima da
população e a despertar para a prática de um novo civismo no seio da sociedade brasileira.
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