terça-feira, 30 de março de 2010

Governo Lula não quer saber fonte de jornalista

Dr Corrêa, cadê o áudio do grampo ? E a investigação sobre a denúncia do Paulo Henrique ?
Paulo Henrique Amorim encaminhou o documento anexo à Polícia Federal, em São Paulo, nesta tarde de segunda feira, dia 29 de março de 2010:
“Se pudesse decidir se devemos ter um governo sem jornais ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o último.” Thomas Jefferson
“A imprensa não tem que ser justa; tem que ser livre.” Márcio Thomaz Bastos, ex- Ministro da Justiça
“A imprensa regula o Estado, e a internet se contrapõe à própria versão da imprensa sobre as coisas. A internet é o espaço da liberdade absoluta, para além da liberdade de imprensa.” Ayres Britto, Ministro do Supremo Tribunal Federal
São Paulo, 29 de março, 2010
Dra. Juliana Resende LimaDelegada da Polícia Federal – São Paulo
Prezada Dra. Juliana Lima,
Lamentavelmente, depois que falamos ao telefone surgiram compromissos profissionais que me impedem de atender ao seu convite.
(Anexo o e-ticket da viagem.)
Gostaria, porém, de ponderar, com todo o respeito, que não vejo por que ser entrevistado numa ação “disciplinar” realizada pela Corregedoria da Polícia Federal.
Desde que recebi o documento concernente ao convite, me fiz essa pergunta: o que eu tenho com isso ?
Daí a razão do meu telefonema, além de informar que não seria possível atender ao convite na data antes marcada.
Mas, percebi que a senhora – com um tom de voz deselegante e até arrogante, devo sublinhar – quer saber quem me passava informações sobre a Operação Satiagraha.
Sou jornalista há 49 anos e me habituei a entender o que as pessoas me dizem.
Diante disso, telefonei ao gabinete do Ministro da Justiça – a quem, pelo menos no plano formal, a Polícia Federal se subordina – e formulei a seguinte pergunta, dirigida ao próprio Ministro Luiz Paulo Barreto: “O Governo do Presidente Lula agora deu para querer saber a fonte de jornalista ?”
Para responder a essa pergunta, a Assessora Especial do Ministro da Justiça, Christina Abelha, me honrou com uma visita à redação do Conversa Afiada, em São Paulo, nesta sexta-feira 26 de março de 2010.
A Sra. Abelha me informou que o Ministro da Justiça, em absoluto, não queria saber quais eram as minhas fontes de informação.
Pedi, então, que dissesse isso por escrito, num e-mail que pudesse submeter à sua douta apreciação, Dra Resende Lima.
Aí vai, na íntegra, o e-mail que recebi neste sábado:
Caro Paulo Henrique,Atendendo seu pedido de esclarecimento sobre a intimação para que compareça, na condição de testemunha, à Corregedoria da Superintendência Regional da PF em São Paulo, para prestar informações no interesse de Sindicância instaurada pela Corregedoria-Geral, a fim de apurar possíveis vazamentos nas investigações que culminaram na Operação Satiagraha, informo que:Sua preocupação, a mim relatada, de que o interesse único dessa intimação seria conseguir os nomes de suas fontes, envolvidas no trabalho jornalístico que realizou, não procedem. O direito do jornalista de preservar os nomes de suas fontes é lícito e, em momento algum, você será obrigado a revelá-las.Por parte do Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, esclareço que não há e não haverá, em sua gestão, qualquer tipo de ação abusiva de sua equipe, no sentido de forçar cidadãos, no pleno exercício profissional, a revelar o que tiverem o direito de resguardar.Esperando ter esclarecido suas dúvidas, despeço-me,Christina AbelhaAssessora Especial do Ministro da Justiça
Dra. Resende Lima, recentemente tive a honra de entrevistar no programa “Domingo Espetacular” o Vice-Presidente da República, Dr José Alencar.
Foi uma entrevista emocionante, que teve, numa leitura preliminar do IBOPE, 16 pontos contra 15 da Globo (depois, nas leituras não-preliminares do IBOPE, a Globo costuma reagir).
A certa altura, perguntei ao Dr. José Alencar, que se submeteu a 15 cirurgias para combater o câncer, se tinha medo de morrer.
Ele respondeu: “Não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra.”
Dra. Resende Lima, para um jornalista, revelar a fonte é pior que a morte: é uma desonra.
Aproveito o seu zelo profissional para perguntar sobre o andamento de uma denúncia que fiz à Policia Federal sobre perseguições que sofri de pessoas ligadas ao Governador José Serra e ao banqueiro condenado Daniel Dantas.
Transcrevo, a seguir, a notícia sobre a denúncia que publiquei em meu site na internet, o Conversa Afiada:
Um portador entregou hoje, segunda-feira, dia 26 de janeiro (de 2009), a seguinte representação na sede da Polícia Federal, em São Paulo.
Quem recebeu foi D. Leonice, secretária do Superintendente da PF em São Paulo, Dr Leandro Daiello Coimbra.
A representação foi protocolada às 10H55M, sob o número 08500.000346/2009-25
Exmo. SenhorSuperintendente da Polícia Federal no Estado de São PauloDelegado de Polícia Federal Leandro Daiello CoimbraN E S T A
Senhor Superintendente,
Paulo Henrique Amorim, jornalista, … vem à presença de V.Exa. para expor e requerer o que segue:O requerente e membros de sua família têm sofrido ações de espionagem, perseguição e grampo telefônico por parte de indivíduos que atuam a mando do banqueiro Daniel Valente Dantas e do governador José Serra. A ação desses indivíduos visa intimidar a atuação profissional do requerente, cuja cobertura jornalística noticia atos prejudiciais à sociedade praticados por Dantas e Serra.
Diante do exposto, e em atendimento à solicitação do Exmo. Ministro da Justiça, dr. Tarso Genro (conforme correspondência anexa) o requerente solicita de V.Exa. sejam adotadas as providências necessárias para apuração dos fatos e punição dos envolvidos.
São Paulo, 26 de janeiro de 2009Paulo Henrique Amorim
Se for o caso, posso encarecer ao Exmo. Ministro da Justiça para que, como fez o antecessor, sugira à Polícia Federal para concluir as investigações.
Atenciosamente,
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: gostaria muito de dar o furo sobre o áudio do grampo do diálogo do Ministro Gilmar Mendes com o Senador Demóstenes Torres. Sei que a grave denúncia da respeitada revista VEJA está sob exame desta Polícia Federal. Como jornalista, eu teria um imenso prazer em divulgar esse áudio, se a Sra, Dra Resende Lima, me ajudasse a descobrí-lo. Garanto o sigilo da fonte.Paulo Henrique Amorim

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